segunda-feira, 15 de julho de 2013

A prevalência do EU(não o lírico) na musicalidade tupiniquim.

Ou ainda: "Ninguém vai me deter - exceto eu mesmo."

No último domingo eu participei de um ótimo culto onde o pastor encerrava uma série chamada O Cristão Ateu tratando da importância do Cristão em pregar ao próximo o Evangelho. Contudo, no momento do louvor houve algumas músicas cantadas que me incomodaram. "Meu alvo é Cristo", de autoria de Kleber Lucas e interpretada por Fernandinho, foi a música que me despertou para escrever este pequeno texto. Vamos a letra. 

Estou subindo pra um lugar mais alto
Eu já queimei as pontes com o passado
E em meus olhos vejo o futuro
Tudo novo se fez, tudo novo se faz

E dessa estrada eu não me desvio nunca mais
Estou firme, eu não me desvio nunca mais

Vou avançar, eu vou crescer
Ninguém vai me deter
Meu alvo é Cristo, meu alvo é Cristo

Estou subindo pra um lugar mais alto
Eu já desisti de andar sozinho
Cristo vive em mim
E os meus pés estão no caminho, estão no caminho

E dessa estrada eu não me desvio nunca mais
Estou firme eu não me desvio nunca mais .

Vou avançar, eu vou crescer
Ninguém vai me deter
Meu alvo é Cristo, meu alvo é Cristo
A primeira instância, nada de errado com esta letra, certo? Errado. Devo informar que esta canção (não, não é um louvor) serve apenas e tão somente para animar o culto do que, de fato, louvar Aquele que é digno de todo louvor. Por quê? 

1 - O primeiro ponto a se destacar é o fato da mesma letra - assim como a maioria das letras presentes no gospel tupiniquim - é exaltar o homem, pondo-o em uma posição a qual ele não deveria estar.  Como um agente ativo, trechos como "E dessa estrada eu não me desvio nunca mais/ Estou firme, eu não me desvio nunca" e "Vou avançar, eu vou crescer/Ninguém vai me deter/Meu alvo é Cristo" desconsideram a condição do homem cristão - e portanto, o homem regenerado. Esta mesma posição ativa ignora, na prática, a dependência que o homem tem de Cristo e da obra do Espiríto Santo. "Mas Hebert, a letra não diz isso explicitamente, mas é algo implicíto". Não, não é caro leitor, infelizmente não é. A letra decididamente (não posso apontar por quais razões, mas vou ser otimista) ignora esta dependência e faz pior, que será tratada a seguir.

2 - Com o título de "Meu alvo é Cristo", ela coloca Cristo em uma posição humilhantemente passiva, o qual apenas esta a esperar que o homem (regenerado ou não) "tome uma atitude" e O "receba" em sua vida, assim Cristo pode entrar na vida desta pessoa. Aparentemente, eles se esquecem que se hoje eu(você leitor, os "músicos" gospel no geral, e os autores da música em questão) posso me declarar cristão, foi por uma ação e escolha tomada por Deus conforme o bom propósito de sua vontade(Efs 1: 1-5). 

3 - Lamento informar, mas este não é um caso excepcional. Infelizmente no Brasil, o que vemos ser produzidos de "louvor" onde quem é louvado é apenas o homem. Deus, na música brasileira, está apenas na posição de um gênio da lâmpada que satisfaz os desejos dos homens(aqui chamadas de "bençãos" e "vitórias", e estas são até mesmo "decretadas"!). Não é muito difícil notar esta tendência, e podemos vê-lás sempre presentes em muitos dos louvores cantados em nossa congregação, o que é lamentável. 

Eu definitivamente poderia citar outras músicas que seguem esta tendência na musicalidade tupiniquim, contudo, a título de comparação estarei postando uma música totalmente diferente, o qual tem como propósito louvar e agradecer á Deus. Abaixo, a música A Ele, do Oficina G3
O Teu entendimento não se pode medir
Desde o princípio anuncia o que ha de vir
Vira o dia em que a verdade se revelara
E Tua gloria a este mundo contemplará
Um trecho da música em questão. Sinceramente? Precisamos de louvores assim! Abaixo, um texto de Shai Linne, traduzido pelo pessoal do Voltemos ao Evangelho.




Louvado seja Eu, Shai Linne(Cante as Escrituras)

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